Tá com fome? Tá com
pressa? Má notícia. Luanda não tem um fast-food a cada esquina.
Nada de McDonald's e Burger King... Mesmo as cadeias que já chegaram
ao país, Bob's e KFC, só têm duas lojas: uma no shopping e a
segunda na Ilha e no Aeroporto, respectivamente. Pela manhã, a opção
são as pastelarias, cheias de doces portugueses, mas se você quiser
fazer aquele lanche rápido, comer um bom sanduíche ou matar aquela
fome às 11h da noite, você só tem uma escolha: comida libanesa. Em
Talatona ainda há poucas opções (basicamente o KFF, e dois
restaurantes na entrada do Nova Vida), mas na cidade são vários os
lugares abertos até meia noite e que trocam o hamburger pela fahita.
O melhor deles e mais tradicional é o Al-Amir.
Aliás, as casas de
fahita já não são exclusividade da comunidade libanesa. Até pela
falta de opções, a fahita pegou por aqui, e já são vários os
estabelecimentos angolanos que tentam imitar o sanduíche, quase
sempre trocando o pão árabe pelo pão normal. Outros,
verdadeiramente libaneses, como o Ana Plaza, já abriram mão dos
pratos mais tradicionais e apostam tudo na fahita. É um fenômeno
local, com todo tipo de qualidade. Eu, que sou mais careta, vou
sempre ao Al-Amir por um simples motivo. É o melhor hommus da
cidade.
O Al-Amir fica perto do
Largo do Primeiro de Maio, onde está a estátua de Agostinho Neto,
primeiro presidente de Angola. Indo direção à Av. Combatentes,
vire à esquerda no Chamavo e pronto, o Al-Amir estará à sua
direita. O lugar é igualzinho aos outros libaneses: um réchaud, os
libaneses gritando entre si na cozinha aberta, um clima de gordura no
ar, televisão ligada no futebol ou na TV5 Monde e gente entrando e
saindo o tempo todo. Em segundo ambiente, mais para dentro, é bem
mais calmo, mas eu prefiro ficar no meio da confusão mesmo, olhando
as pessoas.
Como havia falado, o
hommus é excelente, e eu sempre começo por ele. Como é um dos
poucos libaneses que ainda servem vários tipos de comida, há muitos
patrícios – que se concentram lá e no Al-Dar. Ao contrário de
lugares como King Kabab, o hommus do Al-Amir vem só com pão, sem
acompanhamento de salada. É leve, suave, sem exagerar nos temperos;
é comum o hommus estar com gosto de alho mais forte que o normal,
mas não aqui. Duas pessoas partilham a entrada tranquilamente, até
porque o sanduíche vem rápido.
Justamente o sanduíche:
todo mundo pede fahita, e o prato se popularizou tanto por aqui que
nem sei mais qual a receita original. Cada lugar serve de um jeito,
virou praticamente um prato angolano, em clássico luandense. Já vi
até com batata frita dentro. No Al-Amir, na maioria das vezes, há
carne ou frango, cebola, tomate, pimentão, picles, e uma maionese
misturada com abacate, meio guacamole. É bem condimentado, e em
geral eu peço outra coisa.
Os meus preferidos são
o Francisco – é uma fahita com um molho mais leve, menos temperos,
um pouco de milho – e o Chinese Picante, que, pelo gosto, incorpora
um pouco de molho de soja e tem mais pimentões, sem o picles e o tal
molho de abacate. Você pode pedir o sanduíche puro, ou acompanhado
com batata frita e salada. Se tiver comido o hommus antes, recomendo
que não peça acompanhamentos. É muita comida.
Já havia dito que os
libaneses são os únicos lugares pra comer abertos até mais tarde.
Por isso mesmo, você pode comer com mais calma nessas horas. Não
costumo comer sobremesa no Al-Amir, mas em geral há bolos no
mostruário. Não gosto, são bastante secos e esponjosos, mas você
pode tentar o Al-Dar ou o Bel France se quiser completar a refeição
até o fim, com sobremesa. Como a comida salgada realmente mata a
fome com autoridade, acabo dispensando.